O diagnóstico da doença de Alzheimer está a sofrer uma mudança significativa graças à recente aprovação de um novo exame de sangue pela Food and Drug Administration (FDA) dos EUA. Produzido pela Roche, o Elecsys pTau181 mede a concentração de uma proteína específica – tau fosforilada – no sangue, oferecendo uma forma potencialmente mais fácil e menos invasiva de auxiliar no diagnóstico.
Compreendendo a ciência por trás dos testes
A doença de Alzheimer é caracterizada pelo acúmulo de proteínas malformadas, principalmente amiloide e tau, no cérebro. Estas proteínas perturbam a comunicação das células cerebrais, levando aos sintomas associados à doença. O teste Elecsys pTau181 procura uma forma específica da proteína tau (uma com um grupo fosfato ligado) que é frequentemente encontrada em quantidades elevadas em pacientes com Alzheimer. Esta proteína é um indicador indireto de placas amilóides e emaranhados neurofibrilares, características observadas nos cérebros das pessoas afetadas pela doença.
Outros testes aprovados utilizam diferentes biomarcadores. Por exemplo, o Lumipulse, desenvolvido pela Fujirebio, mede a proporção entre outra forma de tau fosforilada e um fragmento de proteína chave que contribui para a formação da placa amilóide. Embora estes testes forneçam pistas sobre a possível presença de amiloidose, muitas vezes requerem confirmação através de procedimentos mais invasivos, como tomografias PET e análise do líquido cefalorraquidiano, considerados o atual padrão clínico ouro. Mesmo esses métodos, entretanto, não são infalíveis; o diagnóstico definitivo requer uma dissecção cerebral post-mortem.
Por que a mudança para exames de sangue?
Historicamente, confirmar o diagnóstico de Alzheimer não era uma alta prioridade devido à ausência de tratamentos eficazes. No entanto, com o surgimento de novos medicamentos para a doença de Alzheimer – especificamente, tratamentos com anticorpos monoclonais – isto mudou. Esses medicamentos são mais eficazes quando administrados no início da progressão da doença, tornando inestimável uma ferramenta de diagnóstico relativamente barata e minimamente invasiva. Submeter todos os indivíduos com suspeita de declínio cognitivo a exames PET mais complexos e punções lombares é impraticável, destacando a necessidade de exames de sangue.
Quão úteis são esses testes na prática?
O teste Elecsys pTau181 é inovador, pois é o primeiro aprovado para triagem comunitária ampla, destinado ao uso em ambientes de cuidados primários, como consultórios de médicos de clínica geral. O teste demonstrou um alto “valor preditivo negativo”, o que significa que é excepcionalmente preciso na identificação de indivíduos sem doença amilóide; um resultado negativo é confiável em 97,9% dos casos em que a doença amilóide é incomum. Isto o torna ideal para selecionar pacientes que se beneficiariam de testes mais intensivos.
Resultados semelhantes foram observados com outros testes aprovados recentemente, como o Lumipulse. No entanto, é importante notar uma limitação: 15-30% dos pacientes podem cair numa área cinzenta onde os níveis de biomarcadores são inconclusivos, tornando difícil fornecer um diagnóstico definitivo positivo ou negativo.
Olhando para o futuro
A aprovação destes exames de sangue marca um avanço significativo na luta contra a doença de Alzheimer. Ao oferecer uma opção de rastreio menos invasiva e mais acessível, estes testes têm o potencial de facilitar o diagnóstico e o tratamento mais precoces, melhorando, em última análise, os resultados para as pessoas afetadas por esta doença devastadora.
A aprovação destes exames de sangue marca um avanço significativo na luta contra a doença de Alzheimer. Ao oferecer uma opção de rastreio menos invasiva e mais acessível, estes testes têm o potencial de facilitar o diagnóstico e o tratamento mais precoces, melhorando, em última análise, os resultados para as pessoas afetadas por esta doença devastadora.



















































